Existe uma outra de mim dentro do meu corpo. Ela duvida de tudo que falo, sinto ou escrevo. Nunca está bom o suficiente. Nada tem valor.
Torna minhas conquistas minúsculas diante das derrotas. Tem dois pesos e duas medidas, sendo que tudo de negativo é calculado na unidade das toneladas.
Toda semana é a mesma coisa. Uma parte de mim diz para parar de escrever, que não é de interesse de ninguém e que nada importa. Outra parte me incita a continuar; afinal, compartilhar informação é o que amo fazer.
Nessa batalha, felizmente, a parte que me diz para continuar, que tudo é bom e nada dói, sempre vence. Mas o embate semanal é desgastante.
Uma reflexão que sempre me ajuda é tentar não me levar tão a sério. Em último caso, existe um projeto a mais no mundo e um buraco a menos no meu peito.
Não preciso ter o talento de Hemingway, apesar de por muito tempo ter me feito essa cobrança completamente irracional. O único requisito que deve ser feito a mim mesma é escrever quando sentir vontade - e tentar me divertir nesse processo.
Um abraço,
Sarah
Ps. o texto foi uma reflexão que surgiu após a leitura da última edição da ótima newsletter “Vou te falar“
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.Dicas da semana
Sobre livros e leituras
- Eve Babitz é uma espécie de Joan Didion mais porra louca, judia e desconhecida, mas esse último fato, felizmente, vem sido revertido nos últimos anos. Recomendo demais a leitura de qualquer um de seus livros, que infelizmente não foram ainda traduzidos para o PT BR. Esse dias terminei de ler a biografia “Hollywood's Eve: Eve Babitz and the Secret History of L.A.“, da jornalista Lili Anolik. Recomendo DEMAIS
- Outra obra que também terminei esses dias e mexeu muito comigo foi “Loira Suicida”, da Darcey Steinke. Não é por acaso que o livro, lançado no começo dos anos 1990, é considerado um clássico grunge. Ainda estou digerindo tudo, tanto é que não consegui escrever a resenha a tempo de colocar o link aqui. Mas já adianto: amei.
- Após meses, ou talvez anos, parado na minha estante, finalmente peguei “Dias Bárbaros“, ganhador do Pulitzer de biografia escrito por William Finnegan. Eu estava enrolando para ler essa dica da Isa Sinay pois sabia que ia amar - é, eu tenho dessas de postergar o prazer literário, vai saber. Veredito antecipado: o livro é tudo isso e muito mais.
- “Paris é uma Festa”, as memórias de Ernest Hemingway sobre a época em que viveu na capital da França nos anos 20, é o tipo de livro que eu não diria ser a leitura perfeita para o Carnaval. Mas eu não faço as regras. Foi um delícia passar esses dias de recesso jogada no sofá lendo o autor divagar sobre seu método de escrita, corridas de cavalos, Gertrude Stein sendo cuzona e os melhores queijos da cidade.
Mais sobre o mundo literário…
- Todos os escritores do mundo tinham razão
- Quando ler virou uma competição?
- Livros para te deixar mais feliz
Para assistir
- Pare tudo que você está fazendo e passe “Coda” — que comicamente foi traduzido para o português como “No Ritmo do Coração“, ou algo assim — na frente da sua lista de filmes para assistir. O nomeado ao Oscar deste ano é um daqueles filmes que deixam nosso coração quentinho. Não vou falar mais nada para não estragar a surpresa. (Disponível no Amazon Prime Video)
- O clássico “Viramundo“, do recentemente falecido diretor Geraldo Sarno, pode ser visto no Vimeo
Para ouvir
- Esse som que me faz sentir num filme dos anos 1970
-E esse outro que não sei explicar, só sentir, como diz o meme
-E que voz mais linda essa do Elliot, de Euphoria, hein? E a letra da música é da Zendaya
- As avós do Punk
- Em tempo, a música que deu o nome dessa newsletter é um patrimônio da MPB, ainda mais na voz de Milton Nascimento
Outras Dicas
- É hora de mostrar seu trabalho - e dicas de copywriting para pequenos negócios
- Como (tentar) se planejar em tempos incertos
- Tudo que você precisa saber para fazer um belo bentô - aquela marmita japonesa
Eu sinto tanta raiva que amar parece errado
Baco Exu do Blues
.Então vamos aos links
- Eu parei de beber. Porque isso está afetando minha vida social?
- … afinal, “não existe consumo de álcool sem risco”
- Elas adiam a comemoração para os 16 anos e fazem festa em drive-in. Jovens encontram formas de viver o sonho do baile de debutante na pandemia
- A triste perda da esperança na Ucrânia - e um registro da noite ucraniana antes da guerra
- O que ler, ouvir e assistir para entender a invasão russa na Ucrânia
- Me falta autoconfiança
-Colonoscopia: Um dia você vai passar por isso
- Yoko Ono foi uma das pioneiras do selfcare - ela também ajudou a inventar a música alternativa como conhecemos hoje
- Fiz uma laqueadura aos 27 anos
- A paquera online mudou o jeito que nos apaixonamos
- Newsletters nacionais que você precisa conhecer. Spoiler: a minha entrou na lista <3
A Guerra é um lugar onde jovens, que não se conhecem e não se odeiam, se matam, por decisões de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam
Erich Hartman
.Tesourinho
O álbum lançado pela Yoko Ono após a morte de John Lennon — essa e todas as outras dicas relacionadas à multiartista eu vi na Margem, uma das newsletters mais bacanas por aí
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Ai amiga, eu amei seu texto. Daqueles que poderiam ter saído daqui de dentro, sabe? Continua, continua: você não sabe como pago pau para o seu texto e seu talento ❤️
Sarah, seu texto me atingiu demais num lugarzinho de muita identificação **abraça** e me levou a revisitar uns escritos de quando minha psicóloga recomendou o poema "Traduzir-se" do Ferreira Gullar, musicado belamente pelo Fagner com o Chico: https://www.youtube.com/watch?v=HoASQuvncwo
o que acho muito lindo são as aparentes não-simetrias de partes do poema, como: "uma parte de mim, almoça e janta, outra parte se espanta"; "uma parte de mim é só vertigem, outra parte linguagem".
pra parte sua que diz pra parar de escrever, conta que você tá num processo de traduzir-se, conta que é uma questão de vida e morte, conta que é arte, e que VOCÊ É ARTE. agradeço por continuar e por seu processo de auto tradução, suas palavras chegam aqui gerando várias outras traduções <3