
Amigas,
que semanas passamos, não é mesmo? Desde a última vez que estive por aqui elegemos Lula, golpistas não aceitaram e bloquearam rodovias por todo o país, só para citar alguns dos eventos políticos, sem mencionar os acontecimentos pessoais - passei também por um episódio de TPM tenebroso nesses dias.
Como eu lido desde pequena com questões relacionadas a ansiedade, achei melhor ficar quietinha no meu canto uns dias e voltar quando tivesse digerido tudo.
Mas agora finalmente fui pega pelo clima de esperança. Eles tentaram monopolizar nossa bandeira, mas somos muito mais que isso. O Brasil é Caetano, é Chico, Gal, Gil, Milton, Bethânia. É Manuel Bandeira, é Drummond, é Clarice, Hilda Hilst. É Glauber, é Anitta, é Pabllo. É penta, é Rebeca Andrade, é Rayssa Leal. É muito maior do que qualquer estética duvidosa que eles tentaram nos fazer engolir via WhatsApp.
Dito tudo isso, sim, estou bem e trago uma news cheia de dicas e com aquele textinho autoral que nem sempre sei se vocês gostam, mas que na maior parte das vezes eu acho um barato escrever.
Um abraço,
Sarah
Eclipse solar em escorpião

Foram tantos anos, tantos planos, tantos atropelos. Tivesse acontecido mais tarde talvez não teria tomado a mesma forma, pensou ao acender o cigarro. Era o terceiro daquela manhã em que havia decidido parar de fumar.
Era muito fácil culpar a juventude agora que já não a tinha em mãos. Era simples dizer que foi tudo falta de experiência, tirando do medo - aquele que sim, ainda existia - toda sua influência real.
Foi só um beijo adolescente, concluiu com a mesma força que esmagava a bituca no parapeito da janela. Mas não era só isso. Foi a primeira vez que se sentiu viva. Foi a porta de entrada para o mundo, por onde passou apenas de forma breve, das pessoas belas e bem amadas.
Era eclipse solar em escorpião, com reflexo em touro também. Era natural que esse passado morto e enterrado revirasse o vazio de suas entranhas. Mas isso deixaria de ofuscar seus olhos quando o Sol voltasse a brilhar, logo atrás da sombra lunar.
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Nunca me dei ao trabalho de lhe descrever as roupas ou a aparência das mulheres que tinha visto, pois sabia que ela jamais iria admirar alguém por ser bonita ou bem vestida. Como também não admiraria alguém por saber alguma coisa que ninguém precisava saber, tal como um idioma estrangeiro. Ela respeitava bons jogadores de carta e pessoas que tricotavam com rapidez - isso era tudo. O resto da humanidade ela não sabia para o que servia, meu pai dizia o mesmo. Não sabia para o que servia, isso me fazia ter vontade de perguntar: se as pessoas servissem para alguma coisa, que coisa seria essa? Mas eu sabia que nenhum dos dois me responderia. Pelo contrário, diriam para não me fazer de espertinha.
Alice Munro em “Antes da Mudança“
.Dicas da semana

Sobre livros e leituras
- “Contra Amazon“, do espanhol Jorge Carrión, é uma das mais lindas cartas de amor aos livros que já li. Uma obra para saborear aos poucos. Você pode ler minha opinião completa na “Literalmente“, minha newsletter de resenha de livros
-Lá também resenhei “Ao Paraíso“, o novo livro da Hanya Yanagihara, conhecida por escrever “Uma Vida Pequena“
- Se tem uma coisa que eu não sou é monogâmica com livros e faltando 150 páginas para terminar “Guerra e Paz“, fui e emendei “Irmãos Karamazov“ - um eu estou amando e o outro lendo por obrigação
-Também finalmente peguei para ler “Meu Ano de Descanso e Relaxamento“, da Ottessa Moshfegh, uma escritora que eu amo. Como não tinha lido esse livro antes só Deus explica
Mais sobre o mundo literário…
- Três livros para começar a ler os russos
- Lendo Jane Austen na Nigéria
- O redescobrimento de Dinah Silveira de Queiroz
- Por que ler literatura russa?
- Natalia Ginzburg e o viver estando vivo
- Guia de sobrevivência em feiras literárias
Para assistir
- Os filmes baseados em obras da Annie Ernaux que você encontra nos serviços de streaming brasileiros
- Como superar o fim (de série que amamos)
Para ouvir
- Essa versão de “Anti-hero”, da Taylor Swift, com feat do Bleachers, banda do Jack Antonoff
- Eddie Vedder cantando The Cure
Outras Dicas
- O Insta da Sofia Coppola
.Então vamos aos links
(Indico o uso do site 12ft ladder para os links com Paywall. Para os que estão em outras línguas, o Google Tradutor quebra um galho)

- Como as casas do Instagram mudaram nossa forma de ver a vida - para pior
- 'Quem não vota em Bolsonaro não é bem-vindo': evangélicos abandonam igrejas
- Um diagnóstico de autismo depois de adulta
-Correr enquanto pessoa negra
- Millenials e o casamento sem sexo
-Quero um outono estilo Nora Ephron
- I've been big and small and big and small
- Viver em corpo de mulher
Go after her. Fuck, don’t sit there and wait for her to call, go after her because that’s what you should do if you love someone, don’t wait for them to give you a sign cause it might never come, don’t let people happen to you, don’t let me happen to you, or her, she’s not a fucking television show or tornado. There are people I might have loved had they gotten on the airplane or run down the street after me or called me up drunk at four in the morning because they need to tell me right now and because they cannot regret this and I always thought I’d be the only one doing crazy things for people who would never give enough of a fuck to do it back or to act like idiots or be entirely vulnerable and honest and making someone fall in love with you is easy and flying 3000 miles on four days notice because you can’t just sit there and do nothing and breathe into telephones is not everyone’s idea of love but it is the way I can recognize it because that is what I do. Go scream it and be with her in meaningful ways because that is beautiful and that is generous and that is what loving someone is, that is raw and that is unguarded, and that is all that is worth anything, really.
Harvey Milk, político e ativista gay norte-americano
.Tesourinho
Não sei você, mas eu chorei com esse episódio do Greg News
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Beijo, menina