Toda vez que assisto a série “Girls“, ou a obra mais obscura, e crua, de Lena Dunham, o filme “Tiny Furniture“, sinto um arrepio na espinha. Não é só o nervoso de ver as protagonistas Hannah e Aura em situações desesperadoras em troca de um pouco de afeto, mas o profundo reconhecimento, saber que eu era exatamente assim aos 20 e poucos anos.
Quando comecei a assistir “RuPaul´s Drag Race“ muito anos atrás, tantos que já nem lembro, não entendia a profundidade da frase, repetida todo encerramento de programa: “se você não consegue amar a si mesmo, como diabos irá amar outra pessoa ?“. (Livre tradução minha)
De fato, como você conseguirá entrar em um relacionamento saudável sem amar a pessoa que você é? Voltando para Dunham, assim como suas personagens passei por situações que beiram a humilhação até conseguir entender que não, aquilo que estava acontecendo não era ok. Eu aceitava ser tratada de formas que jamais trataria os outros.
Aí vem outro questionamento na minha cabeça, um do qual já aviso não ter uma resposta; porque é tão difícil gostar de nós mesmas?
Conversando com a news da semana passada, acredito que parte da culpa é da sociedade em que vivemos. O capitalismo precisa que a gente se sinta feia para poder nos vender cremes que provavelmente não funcionam e roupas que sairão da moda em poucos meses.
Quando a gente começa a olhar com carinho para nós mesmas, conseguimos quebrar esse ciclo. Hoje, passados mais de dez anos daquela época, engordei uma dezena de quilos, perdi a conta de quantos cabelos brancos tenho, e a flacidez da minha pele não passa despercebida, mas gosto muito mais de mim. Me alimento melhor e me relaciono com pessoas que me fazem bem. O amor próprio é uma revolução.
Um abraço,
Sarah
.Dicas da semana
Sobre livros e leituras
-Terminei de ler “Queenie“, da Candance Carty-Williams, que apesar de ser vendido como uma espécie de Bridget Jones atualizado, conversa muito com o texto dessa edição da news. Gostei muito e você pode ler a resenha completa no link abaixo:
- Ando lendo “A história de Shuggie Bain“, de Douglas Stuart, que foi ganhador do Booker Prize em 2020. A história se passa na Glasgow, Escócia, do começo dos anos 80, quando o governo Thatcher devastou a economia local. Shuggie é um menino gay que precisa lidar com a pobreza, o bullying e uma mãe alcóolatra. Sem dúvidas é um ótimo livro, mas é uma leitura que bate uma tristeza profunda, por isso estou tendo mixed feelings.
Mais sobre o mundo literário…
- O puxador de angústias
- O (novo) renascimento de Carolina Maria de Jesus
- Como “Meu Ano de Descanso e Relaxamento“ virou um estética nas redes sociais
- De repente todas as capas de livros parecem iguais
Para assistir
- Como citado no texto de abertura, recomendo demais o filme “Tiny Furniture”, da Lena Dunham, que de certa forma deu origem para a série “Girls”. Bônus: A atuação de Jemima Kirke, que mais tarde viveria a Jessa, está mais crua - e verdadeira - do que nunca (Disponível apenas por Torrent)
-”Uncoupled” é uma série dos mesmos criadores de “Sex and the City“, então tem aquela característica de diálogos rápidos com piadas sobre o momento cultural. Mas vai um pouco além, tornando a narrativa mais profunda ao abordar a história de Michael, um homem gay que foi casado por 17 anos até ser deixado do nada por seu companheiro, sem maiores explicações. Acompanhamos sua nova vida, navegando o mundo dos relacionamentos que mudou quase completamente nas últimas duas décadas. Risadas garantidas - e lágrimas também (Disponível na Netflix)
Para ouvir
- Uma dica um pouco óbvia, mas que não poderia deixar passar batido. Se você ainda não ouviu, pare tudo que está fazendo e escute “Renaissence”, da Beyoncé, agora mesmo. Menção honrosa para “Alien Superstar“, que homenageia o filme “Paris is Burning“
-Tiny Desk + Regina Spektor, melhor que isso não fica
Outras Dicas
- Noisli é um site de white noise e sons da natureza que tenho colocado todos os dias para trabalhar e para dormir - tem o app também
-Exercícios físicos para melhorar seu humor
- 10 aulas online gratuitas de bordado para iniciantes
- Os 20 cursos mais populares do LinkedIn estão disponíveis gratuitamente até dia 20/08
- Levaram meu celular desbloqueado, e agora?
Se você está aqui existe uma grande chance de que, assim como eu, também ame o mundo dos livros. No curso online “Vida do Livro” o Daniel Lameira (Antofagica) ensina todas as etapas desde a idealização até a comercialização do livro - passando por Marketing, Clubes de Leitura, Crowdfunding, etc.
Eu participei da última edição e adorei - o Telegram do grupo é um show a parte com conteúdos semanais. Essa nova edição, que começa em setembro, conta com um time enorme de profissionais do mercado que admiro muito, como a Lucy Frachetta e a Aline Bei.
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(Lembrando que ao usar esse cupom eu também ganho uma pequena porcentagem que me ajuda a manter esse projeto)
Djaimilia Pereira de Almeida
.Então vamos aos links
- Millenials estão completando 40 anos
- A garota errada: uma análise das antiheroínas
- Pessoas famosas que nasceram perto de você
- Coisas que aprendemos trabalhando de casa
- O Instagram está flopando … de novo
- O TikTok tem feito muitas pessoas famosas, mas nem todas estão ganhando financeiramente com essa fama
- Nós precisamos de rituais, não de rotinas
- A época em que a Melanie Griffith tinha um leão em casa - um absurdo, mas as fotos são muito interessantes
.Tesourinho
A terapia que é assistir os vídeos da Paola Merrill
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Sobre o link dos millenials de 40 anos. Esses tempos eu li que a turma de 82 na verdade é "xennial" uma mistura das duas gerações, sem ser exatamente nenhuma das duas. Fiquei confortável com essa definição (e de que os 40 são os novos 20). HAHAHAHA
queria tanto ter gostado mais de mim quando adolescente. fui hiper dura comigo mesma :(
e você viu que vem filme novo da Lena Dunham? https://www.omelete.com.br/filmes/catherine-birdy-trailer