# 58 - De onde vem o medo
Insegurança, Gabriel García Márquez, livros e mais livros, "Minha mãe é Uma Sereia" e uma montanha de links...
Eu sei que já falei disso aqui antes, mas tem algo que volta e meia - período que também pode ser definido como toda semana - me pega de jeito que é a dificuldade em escrever esse texto de introdução da newsletter.
Por um tempo achei que era falta de assunto, mas, na verdade é algo mais profundo do que isso; é a insegurança de que a pauta que eu me propus a falar seja completamente irrelevante. Algumas vezes o pensamento vai além e me questiono quem se interessaria por algo que eu tenho para falar? Já não se disse tudo sobre tudo nesse mundo?
Não estou pedindo confetes, mas dividindo com vocês aqui essa insegurança pois penso que seja algo comum a todas as mulheres. Nós fomos criadas de um jeito que muitas vezes pensamos que não somos suficientes, que nossa voz não importa, que nosso lugar é quieta, apenas concordando com a cabeça para tudo.
Vi recentemente uma pesquisa dizendo que um porcentual muito, mas muito mesmo, pequeno de homens se acha feio. Arrisco dizer que entre nós, mulheres, o inverso acontece. Não conheço nenhuma pessoa do gênero feminino que esteja completamente satisfeita com sua aparência.
Algumas questões que me afligem profundamente, como a relevância desse texto da newsletter, nem passam pela cabeça dos homens que conheço, que parecem programados para ser muito seguros de seu potencial e suas escolhas.
Se tem algo que nós, mulheres, precisamos fazer é perder esse medo de tentar. A sociedade não perdoa os erros das mulheres - e até mesmo por conta disso é tão difícil até mesmo se dar ao luxo de tentar. Mas quando você se sentir assim, tente se perguntar: “um homem teria a mesma insegurança ?“. Arrisco dizer que a resposta provavelmente será não.
Por isso eu vou me dar essa chance de escrever sem me questionar a cada frase se o que estou transformando em texto é interessante ou inteligente ou relevante para a sociedade. E apenas escrever.
Um abraço,
Sarah
.Dicas da semana
Sobre livros e leituras
-Terminei de ler “Gabo e Mercedes“, onde o cineasta Rodrigo García narra os últimos dias de vida de seu pai, o prêmio Nobel de literatura Gabriel García Márquez. Ele fala com tanta delicadeza de um assunto tão profundo que é a morte dos pais que me arrisco a dizer que a obra irá agradar até mesmo aqueles que não são fãs do autor colombiano. O link para resenha segue abaixo
-Ando lendo, entre outras coisas, “Aos Prantos no Mercado“, de Michelle Zeuner, que em breve ganhará edição da Fósforo no Brasil. Estou amando a escrita cativante do livro de estreia da autora que também arrasa na banda Japonese Breakfast - esse texto e esse aqui dão um gostinho de como é o livro
Mais sobre o mundo literário…
- Ottessa Moshfegh está rezando por nós
- William Faulkner: 10 livros para conhecer a obra do escritor norte-americano
- Porque é tão difícil adaptar Jane Austen para as telas? Os fãs podem ser parte do problema
- Os 7 bartenders mais memoráveis da literatura
- 3 perguntas para Conceição Evaristo
Para assistir
- Revi esses dias o meu filme favorito de quando era criança, apesar de a obra não ser nada indicada para os pequenos (#90skid). “Minha Mãe é Uma Sereia” é uma pérola que recebe muito menos reconhecimento do que deveria. Além de contar com um elenco de peso - Cher, Wynona Ryder, Christina Ricci e Bob Hoskins -, é um romance de formação cheio de metáforas inteligentes e delicadas (Disponível no Prime Video)
-”Amor e anarquia”: série agrada mainstream, enquanto critica o neoliberalismo
Para ouvir
- Tem pouca coisa que me deixa mais good vibes do que as músicas do Van Morrison
-Canções feministas que retratam a importância da descriminalização do aborto
Outras Dicas
- Como a alimentação pode ajudar no seu bem estar durante o frio
- Equilibre vida e trabalho (e fuja do Burnout)
- Uma lista de coisas as quais você tem direito de fazer e nem sabia
Se você está aqui existe uma grande chance de que, assim como eu, também ame o mundo dos livros. No curso online “Vida do Livro” o Daniel Lameira (Antofagica) ensina todas as etapas desde a idealização até a comercialização do livro - passando por Marketing, Clubes de Leitura, Crowdfunding, etc.
Eu participei da última edição e adorei - o Telegram do grupo é um show a parte com conteúdos semanais. Essa nova edição, que começa em setembro, conta com um time enorme de profissionais do mercado que admiro muito, como a Lucy Frachetta e a Aline Bei.
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(Lembrando que ao usar esse cupom eu também ganho uma pequena porcentagem que me ajuda a manter esse projeto)
Life is hard, after all, it kills you.
Katherine Hepburn, atriz
.Então vamos aos links
-Quartos de pessoas durante e depois de um período de depressão
- Nem todo religioso é contra a descriminalização: uma freira católica, uma pastora luterana, uma candomblecista e uma rabina compartilham suas opiniões
-Um ensaio fotográfico realizado nos anos 1970 com estrelas do Rock … e seus pais
- Um guia visual para o panteão dos deuses Astecas
- Ser caminhoneira nos EUA
- Namorando homens mais novos
- Apaixonando-se por Nova York nos anos 1980
- Como não levar para o lado pessoal
- Em defesa de ter menos - e melhores - amigos
- A vida sem álcool
- Bruxas, magia e Stevie Nicks: Whimsigothic é o novo cottagecore
.Tesourinho
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Eu ADORO tudo que você escreve e sempre corro para ler a news quando chega <3
"Se tem algo que nós, mulheres, precisamos fazer é perder esse medo de tentar." Eu sempre vejo as estatísticas que comparam a autoanálise feminina e a masculina e não me conformo da nossa régua ser sempre tão alta! Dia destes, li que em vagas de emprego mulheres só mandam CV quando têm todos os pré-requisitos; homens, por sua vez, já apertam o send mesmo quando eles têm só 2 ou 3 de 10. Como pode, por que somos assim?!