Você lê aquele nome, "Invasões Bárbaras", e seus olhos, já um pouco irritados pela tela azul do computador após tantas horas de trabalho, se enchem de lágrimas.
Um evento histórico, um filme premiado; o filme que vocês viram juntos no cinema logo que se conheceram, um pouco antes de descobrir que ele era seu pai.
A história que se passa em Montréal, onde vocês moraram. O professor do filme é a versão cinematográfica dele. O personagem dá aulas na mesma universidade que ele lecionou naqueles anos canadenses.
E o protagonista do filme também morre no final da história. Mas a partir daí as coincidências partem em rumos diversos. Se bifurcam.
A versão cinematográfica do seu pai escolhe a morte e essa se dá em meio a festejos e na presença de amigos. Na vida real, "Invasões Germânicas", é tudo muito mais doloroso e muito menos digno, nem vale a pena ser lembrado. Nesse caso, nada foi por escolha.
E o luto é tão besta quanto dissimulado; quando você pensa que ele já se foi, seus olhos se enchem de lágrimas ao ler duas palavrinhas juntas num jornal.
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.Dicas da semana
Sobre livros e leituras
- Terminei de ler “Violeta”. Digo apenas que Isabel Allende sabe contar histórias como poucos. Se quiser ler a resenha, só clicar abaixo
- Continuo lendo “Dias Bárbaros“, ganhador do Pulitzer escrito por William Finnegan, e peguei “Quarto de Despejo“, da Carolina Maria de Jesus, para reler em ocasião do seu aniversário de 108 anos - dois livros quase opostos, mas de escritas completamente arrebatadoras
Mais sobre o mundo literário…
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- Uma crítica das críticas literárias
Para assistir
- O filme que dá nome a news de hoje é “Invasões Bárbaras“, um dos mais lindos que já vi, e está disponível na íntegra no Youtube
- O doc “Libertem Angela Davis“, que conta a vida da ativista norte-americana (Disponível gratuitamente no Sesc. Digital)
- O filme “Trabalhar Cansa“, uma análise sobre o Brasil contemporâneo (Disponível na íntegra no YouTube também)
Para ouvir
- A atriz Maya Rudolph puxa a mãe, a lendária cantora Minnie Riperton, e solta a voz na banda Princess - que é um tributo a ninguém menos que the one and only Prince
-… e falando em Minnie Riperton, essa música é perfeita - e de alguma forma me lembra MUITO do livro “Mrs. Dalloway“, da Virgínia Woolf
Outras Dicas
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E aí eu me pergunto, de novo: como eu vim parar aqui? Resolver problemas e dar sugestões são coisas que faço muito bem, é verdade. Mas não preciso ajudar sempre, nem de bate e pronto, principalmente quando estou afogada em meus próprios afazeres. Neste ano - com a cobertura das eleições e o mestrado -, é escolher ou surtar. E quando falo em escolher, é escolher a mim.
Bárbara Bom Angelo na ótima “Queria ser Grande mas Desisti“
.Então vamos aos links
O mais difícil é continuar. Quando a empolgação passa é que o trabalho começa
Se voltamos ao normal, qual o motivo desse cansaço o tempo todo?
Como seria se as mulheres fossem pagas pelo trabalho doméstico que fazem de graça?
The first dead body you see should not be someone you love
Hayley Campbell, escritora
.Tesourinho
Chico Buarque contando sobre sua amizade com Clarice Lispector. “Ela era desconcertante“
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Amiga, chorei com seu texto. Sua newsletter vai ganhando cada vez mais camadas maravilhosas. Que coisa linda