Invasões Germânicas

Share this post
# 45 - Uma arma em casa
invasoesgermanicas.substack.com

# 45 - Uma arma em casa

Sarah Germano
Feb 9
3
2
Share this post
# 45 - Uma arma em casa
invasoesgermanicas.substack.com
Eu e minhas bisas. Por volta de 1989

Eu cresci na casa do meu avô, uma das pessoas mais doces que já pisaram na face da Terra, pode perguntar para qualquer um que o conheceu.

Nascido em 1930, ele acreditou por muitos anos que precisava ser o provedor do lar e proteger a família. Naquela época, para quem vivia numa cidade inóspita do interior de São Paulo, isso significava ter uma arma em casa.

Eu só vi a pistola duas vezes na minha vida. E nas duas ocasiões foi sem querer, quando ele raramente a tirava de seu esconderijo para fazer uma necessária limpeza. Ele, com toda a razão do mundo, não gostava que as crianças vissem a arma.

Eu sempre leio relatos de crianças que se feriram, algumas vezes de forma fatal, ao encontrar armas em casa. E eu entendo o lado dos pequenos, pois lembro do fascínio que a pistola me causava. Algumas vezes eu e meu primo brincávamos de tentar encontrá-la. Mexer nela, sentir o metal frio entre os dedos era meu sonho. Bem como a cena da faca que abre o livro “Torto Arado“.

Mas nunca consegui. Se não fosse a astúcia do meu avô de esconder muito bem escondido o objeto, não sei se ainda estaria aqui para contar essa história.

No começo dos anos 2000 houve uma campanha do desarmamento em todo o país e meu vô foi uma das primeiras pessoas da cidade a entregar sua arma. Já fazia alguns anos que ele não se sentia bem de viver sob o mesmo teto que ela, mas não sabia como se desfazer do objeto.

Conto essa história pois acho importante lembrar, especialmente em tempos em que o presidente e a bancada da bala lutam tão duramente para liberar os armamentos, que as crianças são seres maravilhosos e iluminados, mas completamente sem noção.

Ter uma arma e uma criança na mesmo local é brincar com a sorte. Os pequenos são curiosos, rápidos e gostam de fuçar as coisas. Eles merecem crescer num lar cheio de livros e não de balas.

Um abraço,
Sarah


.Mural de avisos

- Para os links com paywall: https://outline.com/

- Para os artigos em outras línguas, recomendo o tradutor do Google. Não é perfeito, mas ajuda maravilhas.

- Você gosta de receber essa newsletter? Pois eu AMO escrevê-la. Compartilhe com suas amigas que você acha que também podem curtir essa nossa comunidade - e se puder curta no coraçãozinho acima, ajuda imensamente.

Share


.Dicas da semana

Crédito: cottagelf.tumblr.com

 Sobre livros e leituras
- Essa semana devo terminar duas leituras que me pegaram de jeito: “Meu nome era Eileen“, de Ottessa Moshfegh, e “Loira Suicida“, da Darcey Steinke. Logo mais vem resenha por aí

- “Destransição, Baby”, de Torrey Peters. Apesar de ser uma delícia de livro, empaquei quando peguei Covid. Quero retomar em breve.

- Continuo no projeto de ler aos poucos o super clássico “Guerra e Paz“, de Leon Tolstói. Estou acompanhando o projeto de leitura conjunta Big Read e lendo um capítulo por dia. Dessa forma, o livro será concluído na última semana do ano

- … e se você também estiver interessada em saber mais sobre a vida do autor russo, a Sala Jaú vai dar uma aula gratuita sobre sua biografia e obra. Mais informações abaixo:

sala_jau
A post shared by Sala Jaú (@sala_jau)

- Como escolher livros para a biblioteca dos seus filhos

- As melhores newsletters para quem ama livros (Em Inglês)

Para assistir
- Chegou no Mubi o meu filme favorito de Jean-Luc Gordard, “Uma Mulher é uma Mulher“

-E finalmente assisti “White Lotus“, vale todo o hype. (Disponível na HBO Max)

Para ouvir
- Minha amiga me lembrou essa semana que eu AMO essa música

- E essa doideira maravilhosa aqui que eu não sei nem explicar. Só sentir

Outras Dicas
- 10 conselhos para viver uma vida melhor, segundo 20 milhões de pessoas

- Sete plataformas que te conectam com especialistas em saúde mental

- Essa receita de pegador de panela para quem quer começar a crochetar. (Recomendo, é o melhor tipo de meditação)

Wishlist
- O livro “Queria ser Grande, mas Desisti“, escrito pela jornalista Bárbara Bom Angelo, e que eu amo de paixão, ganhou uma segunda edição. Corra para garantir a sua, pois esgota super rápido

- Uma mesa otimizada para pais que trabalham em casa


Are you really helping here? That’s what you ought to be doing if you’re a writer. Or any kind of artist. Helping. Some. And it doesn’t mean cheerful or Pollyanna-ish. Francis Bacon, the painter, was helping. William S. Burroughs helps. We all help in different ways

Austin Kleon, autor do livro “Roube como um Artista“


.Então vamos aos links

Crédito: Pinterest

- Por falta de absorvente, 1 a cada 5 jovens deixa de ir à escola, diz estudo

-Elas são trans e lésbicas: “Gênero é uma coisa, sexualidade é outra”

- Jeferson Tenório: Nossa luta cotidiana é provar que somos inocentes

- O corpo fala. Mas será que nós ouvimos?

- Johnny Massaro navega por incertezas

- “Aproveitar a vida real”: o movimento para abandonar os smartphones

- Tire os suéteres e saias do armário. “Twee“, o estilo fofo do início dos anos 2010 está de volta

- Não importa a língua que você fale; “Inshallah“ traz esperança

- Seria o fim da máscara facial?

- Ser mãe adolescente não acabou com a minha vida

- Descobrindo a história da mulheres negras norte-americanas por meio do artesanato


hysteriaetc
A post shared by Hysteria (@hysteriaetc)

Não me venham com a ideia de que amor não tem cor. Na maioria dos grupos de mulheres negras dos quais faço parte é costume ver reclamações sobre o quão difícil é estar em um relacionamento. Ele diz que não quer um relacionamento agora e prefere um formato não monogâmico. Mesmo que no outro dia esteja de mãos dadas com uma mulher branca, prontinho pra casar.

Monicat Honorato


.Tesourinho

Ninguém consegue provar que o fantasma de Abraham Lincoln não tenha saído nessa foto


Twitter avatar for @EPrecipiceStressieBessie @EPrecipice
When talking about our agendas for the day, I told my 5yo I was a little nervous about a meeting I have today. He said, “Mama, I am nervous all the time. I know what to do.” So friends, here is all the advice he could fit into the drive to school:

January 25th 2022

17,796 Retweets93,876 Likes

.Apoie meu trabalho

- Essa newsletter é gratuita e deve continuar assim. Mas ela acontece graças a ajuda de alguns assinantes - muito obrigada, vocês sabem quem são.

- Caso você também queria fazer uma contribuição mensal pelo meu trabalho - e ter a chance de concorrer a um livro por mês -, dê o upgrade de sua assinatura neste link.

- Se quiser me pagar um café, esse é o link da minha conta no Ko fi e o meu pix é: sarahguiger@gmail.com. Desde já eu agradeço, qualquer quantia ajuda :) 

- A ganhadora do sorteio desse mês foi a Verônica Hoffmann, que vai receber em casa “Um Amor Incômodo“, da Elena Ferrante

2
Share this post
# 45 - Uma arma em casa
invasoesgermanicas.substack.com
2 Comments

Create your profile

0 subscriptions will be displayed on your profile (edit)

Skip for now

Only paid subscribers can comment on this post

Already a paid subscriber? Sign in

Check your email

For your security, we need to re-authenticate you.

Click the link we sent to , or click here to sign in.

Carolina Ruhman Sandler
Writes Vou te falar Feb 9Liked by Sarah Germano

socorro, agora assino 87 novas newsletters! amei a edição e as dicas <3

Expand full comment
ReplyCollapse
1 reply by Sarah Germano
1 more comments…
TopNewCommunity

No posts

Ready for more?

© 2022 Invasões Germânicas
Privacy ∙ Terms ∙ Collection notice
Publish on Substack Get the app
Substack is the home for great writing