# 23 - A onda que se ergueu no mar
Desde pequena coisas que pareciam muito fáceis para os outros eram difíceis para mim. Uma dor de barriga não era apenas uma dor de barriga. Era um tumor maligno que me mataria em poucos dias… pelo menos na minha cabeça.
Quando eu tinha 12 anos, uma espinha de peixe feriu minha garganta durante o almoço de uma sexta-feira. Eu passei todo o final de semana chorando, sem conseguir contar para minha família que tinha certeza que morreria em pouco tempo. Fiz até um testamento.
Posso culpar a morte do meu pai biológico quando eu ainda era muito pequena. Posso dizer que é por ter acompanhado a batalha contra o câncer das mães de duas amigas próximas alguns anos mais tarde. Pode ser que ter visto tantas pessoas queridas indo embora tão cedo na vida tenha influenciado no meu quadro, mas não faz diferença.
Com o passar dos anos aprendi a dar risada desse meu traço de personalidade, era minha forma de defesa. Até que chegou a Pandemia. E ficou insuportável. Após a insistência de amigos que me viam ir me desintegrando, pedi ajuda. O médico disse que a razão desse furacão de pensamentos que não me deixavam em paz - e me fizeram perder 15 quilos em três meses - era TOC, Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Quando a medicação finalmente começou a fazer efeitos, após tenebrosos dias de adaptação, me surpreendi com a paz da vida como ela deve ser. Os pensamentos ainda aparecem, mas eu consigo afastá-lo sem entrar naquela espiral que se apoderava de mim.
Se algo parecer não estar fazendo sentido na sua vida ou esteja mais difícil do que possa parecer normal, procure ajuda. Alguém sempre estará por perto.
Esse relato foi inspirado por essa matéria
Sarah
Mural de avisos
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“Não estávamos apaixonados, fazíamos amor com um virtuosismo desligado e crítico, mas sempre caíamos, depois, em terríveis silêncios. A espuma dos corpos de cerveja ia ficando como estopa, amornando e contraindo-se, enquanto nos olhávamos e sentíamos que chegara o momento. A Maga acabava por se levantar e dava voltas inúteis pelo quarto. Mais de uma vez, eu a vi admirar seu corpo no espelho, segurar os seios com as mãos, como nas estatuetas sírias, e passar os olhos pela sua pele numa lenta carícia. Nunca consegui resistir ao desejo de pedir que se aproximasse, sentindo-a curvar-se pouco a pouco sobre mim, desdobrar-se outra vez, depois de ter estado por um momento tão só e tão apaixonada diante da eternidade do seu corpo.”
Júlio Cortázar, no livro “O Jogo da Amarelinha“
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(Com todos seus defeitos, eu ainda AMO o Instagram. Graças a um tantão de pessoas bacanas que criam conteúdo por lá, a rede social é uma das minhas maiores fontes de inspiração)
A Maria Karina é minha amiga virtual faz muitos anos. E mesmo conhecendo ela há tanto tempo, ainda vivo me surpreendendo com a força de seus relatos e de sua luta pela inclusão. A Maria é a mãe da querida Antonia, que nasceu com uma síndrome rara e está no espectro autista. Maria diariamente transforma preconceito em potência e sonha um mundo que abrace todas as existências. Sou fã demais
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