“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Guimarães Rosa
Meu pai morreu quando eu era criança. Com oito anos de idade minha vida mudou completamente. E por mais que eu tentasse, por muito tempo eu fui uma pessoa ressentida desse fato. Achava um pouco de injustiça eu ter perdido o meu melhor amigo, mas vou reclamar para quem, né?
Fui crescendo e esse sentimento passou. Até porque ganhei um padrasto incrível e senti o mundo se realinhando. Meu pensamento saiu de “que merda, eu não tenho pai“ para “que sorte, tive dois pais incríveis“.
Até que perdi também meu padrasto, em junho de 2020. Foi, aliás, no meio do surto que tive quando isso aconteceu que comecei a escrever essa newsletter - quem estava aqui desde o começo sabe.
Minha sensação de injustiça agora era com relação aos meu filhos, que não teriam avô. Poxa, tem coisa mais bacana do que crescer na presença dos nossos avós, sabe?!
Mas um dia o meu mais velho, no auge de sua sabedoria de menino de seis anos que sempre me impressiona, disse: mãe, eu tenho três avós!!!
Sim! Minha avó está viva e ele ama de paixão a bisavó, sempre fala dela apesar de nós a visitarmos super pouco nesses tempos pandêmicos.
Aí lembrei que viver é assim mesmo; um dia faz Sol e no outro chove. Meus filhos não tem avô, mas tem três avós em compensação. O que a vida quer da gente é coragem, como diria o Guimarães Rosa.
Um abraço,
Sarah
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Sobre livros e leituras
- Essa semana devo terminar duas leituras que me pegaram de jeito: “Meu nome era Eileen“, de Ottessa Moshfegh, e “Loira Suicida“, da Darcey Steinke. Logo mais vem resenha por aí
- “Destransição, Baby”, de Torrey Peters. Apesar de ser uma delícia de livro, empaquei quando peguei Covid. Quero retomar em breve.
- Livros de papel vs. e-books
- Tradutores querem - e merecem - mais reconhecimento
Para assistir
- Terminei “Station 11” e estou completamente apaixonada. Agora quero pegar o livro pra ler (Disponível na HBO Max)
- e isso…
Para ouvir
- Essa semana lembrei desse som que foi um das minhas mais tocadas, segundo o Spotify, em 2019 - esse álbum todo é maravilhoso e tem uma história incrível
-Esse cover de “Ashes to Ashes“, do David Bowie
Outras Dicas
- Retifiquei, e agora? Cartilha auxilia pessoas trans com burocracias na retificação de nome
- Um quiz para saber se você é vítima de Burn Out
- Dicas para começar um “wellness journal“
- Semana de Arte Moderna: Entenda o movimento em 10 passeios por SP
Wishlist
- Estou apaixonada por essa reforma
- Esse lançamento do Cesare Pavese
The function of art is to do more than tell it like it is — it’s to imagine what is possible
bell hooks
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- A gentrificação da consciência
- Os 5 níveis de hype
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- Como é acessar o Instagram sendo cego
-A complicada realidade de se fazer o que se ama
- O falso feminismo dos anos 2000
- Mulheres que assumiram os pelos na virilha e axilas contam detalhes de seus processos de aceitação
- Perfil do nosso tesouro nacional Caetano Veloso na revista New Yorker
- O preconceito com corpos gordos também aparece entre quatro paredes na forma de rejeição, de objetificação e até mesmo de fetiche
-Um álbum com as plantas de escritório que não foram regadas durante a Pandemia
- Mulher preta e cientista: transgredir para resistir
- As melhores fotos de 2021 no Flickr
- O rolê da resistência
.Tesourinho
Sabia que o ballet já esteve nas Olimpíadas? Antigamente existia um esporte que misturava a dança com ski. E era lindo
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# 46 - Três avós
Ai amiga, eu não sabia. Abraço apertado em você ❤️